quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

HISTÓRIA, FILOSOFIA por Nestor Capoeira

APRESENTAÇÃO

Os praticantes chamam-no "Jogo", "Jogo de Capoeira".

Mas não é um jogo no sentido de ser um "esporte" pois não existe perdedor nem vencedor, não existem juízes, não existe um tempo pré-determinado para a "partida", nem tampouco regras rígidas apesar da tradição sugerir algumas linhas de ação para a dinâmica do Jogo.

Isto fica muito claro quando se sabe que, no passado, em Salvador no início dos 1900s, a capoeira era carinhosamente chamada de "vadiação" ou "brincadeira" pelos seus praticantes.



DESENHO DE NESTOR CAPOEIRA BASEADO EM FOTO DO FOLHETO QUE ACOMPANHAVA O DISCO LP DE TRAÍRA E COBRINHA VERDE (APROX. 1960)

Nós poderíamos dizer que a capoeira é uma luta-dança-jogo:

luta: possui golpes e quedas que, sem dúvida, poderiam pertencer ao contexto das artes marciais e da auto-defesa

dança: é realizada ao som de instrumentos musicais típicos (berimbau, pandeiro, atabaque, ganzá, agogo) e cantos, além de englobar elementos de dança;

jogo: além de "vadiação", era comum um jogador convidar o outro - "vamos brincar?" -; "brincadeira", "jogo".




DESENHO DE NESTOR CAPOEIRA BASEADO EM FOTO DO FOLHETO QUE ACOMPANHAVA O DISCO LP DE TRAÍRA E COBRINHA VERDE (APROX. 1960)


Encontramos, ainda, movimentos acrobáticos no "diálogo corporal" da capoeira. E também algo que poderia ser qualificado como "ritual", apesar do Jogo nada ter a ver com religião.

Os jogadores formam uma "roda" e uma meia dúzia toca os instrumentos musicais - berimbau, pandeiro, atabaque, etc. -, enquanto os demais batem palmas e cantam. Dois jogadores entram na roda... o Jogo começou.


CARYBÉ, APROX. 1960

Estes assuntos - o jogo, o histórico, a filosofia, a música, o ritual, e o método de ensino e aprendizado -, assim como a vida e a filosofia dos Grandes Mestres do passado, têm sido abordado e transmitidos, com diferentes enfoques, pelos mestres de capoeira no contato pessoal com seus alunos e, também, em bate-papos informais e encontros "oficiais" - tradição oral - por muitas décadas.

Mas além disto, em 1834 já temos uma descrição e uma gravura - "Jogar capüera ou dance de la guerre"(RUGENDAS, J.M. Voyage pittoresque et historique dans le Brésil. Paris: Engelmann et Cie, Paris, 1834) - do artista alemão Rugendas; e, em 1886, um livro - "Os capoeiras" - do escritor (e capoeira) Plácido de Abreu.



JOGAR CAPÜERA OU DANCE DE LA GUERRE". RUGENDAS, 1835

Daí em diante, vez por outra aparecia um livro, ou um artigo num jornal, até que, a partir aproximadamente 1990. a pesquisa sobre a capoeira cresceu - livros, teses de doutorados etc. -, e, hoje, temos muita informação, grande parte sendo desconhecida dos praticantes.

Alguns destes livros também estão sendo publicados em outras línguas, em outros países: Holanda, Dinamarca, Polônia, Finlândia, Alemanha, Estados Unidos e França.

Abaixo, vamos recortar e condensar partes de alguns destes livros para o leitor ter, ao menos, uma versão simplificada (e, por isto mesmo, falha e estereotipada) da filosofia e história da capoeira.

Vamos também disponibilizar, no fim desta página - para os que estão fazendo pesquisa -, a tese de doutorado de Nestor Capoeira (PASSOS NJETO, Nestor S. dos. "Jogo Corporal e Comunicultura", ECO-UFRJ, 2001), que enfoca a capoeira em profundidade, com amplo apoio da bibliografia existente, e do depoimento de mestres consagrados (muitos já falecidos).

FILOSOFIA

Capoeira é tudo que a boca come
(Mestre Pastinha, 1889-1981)

Capoeira é "mardade"
(Mestre Bimba, 1900- 1974)

A malícia, considerada a filosofia e a essência do jogo, é um dos "fundamentos" básicos da capoeira. A malícia, num sentido amplo, é a maneira como o jogador "vê", e "joga" com a vida, o mundo e, especialmente, as pessoas.

Cada mestre, cada jogador, e até cada iniciante, explica a malícia da sua maneira. E isto não é errado: não há como transformar a malícia num conceito fechado, numa "verdade" expressa em palavras; da mesma maneira que é impossível exprimir em palavras "o que é a vida", "o que é a arte", "o que é o amor", a "amizade" ou o "ódio".

Eu sempre fui um apaixonado pela "filosofia da capoeira" - a malícia - desde que fui iniciado por mestre Leopoldina, em 1965.

Nos anos seguintes, conheci os mestres Bimba, Pastinha, Noronha, Waldemar, Caiçaras, Canjiquinha, Paulo dos Anjos, Atenilo, Ezequiel, e muitos outros. Sempre que podia, conversava e, sobretudo, convivia e observava como se portavam em diferentes situações. Perguntava, também, depois de já ter estabelecido um mínimo de camaradagem:
- Mas, afinal de contas, mestre, o que o sr. acha que é essa tal de malícia?

Com os anos, a observação e a vivência em conjunto; as experiências pessoais e as respostas e definições dos Velhos Mestres; e, principalmente e sobretudo, o Jogo na Roda, com pessoas muito diferentes, em diferentes lugares, forjou, dentro do meu corpo, e daí para meu cérebro e para as páginas de papel onde eu escrevia, o que é a malícia - ao menos, como Ela se apresentou para mim.


"MESTRES CAIÇARAS, LIVÍNIO, WALDEMAR DA PAIXÃO, COBRINHA VERDE, PAULO DOS ANJOS, JOÃO GRANDE, GATO, CANJIQUINHA, JOÃO PEQUENO, MARÉ, ATENILO, E LEOPLDINA". DESENHO DE NESTOR CAPOEIRA BASEADO EM FOTO (APROX. 1970).

No livro "Capoeira, o pequeno manual do jogador" (1981), eu expliquei que, num sentido mais específico, a malícia é aquilo que permite ao jogador saber o que o outro vai fazer; e, ao mesmo tempo que o engana - fingindo que vai fazer algo, e fazendo um movimento completamente inesperado -, domina completamente o Jogo.

No livro "Capoeira, galo já cantou" (1985), dissemos que, do ponto de vista da Capoeira, os seres humanos são medíocres, mesquinhos, limitados, falsos, preconceituosos, invejosos, covardes e cruéis. A sociedade na qual vivemos - na visão da Capoeira - também não é melhor: riquezas mal distribuídas, recursos naturais mal utilizados, injustiça social, miséria, guerra, violência, consumismo e controle através da mídia, valores falsos e estereotipados.

Isso fica bem claro quando escutamos algumas músicas clássicas de capoeira:
“Êta mundo velho e grande, Êta mundo enganador se canto desta maneira foi vovô quem me ensinou”
“Lê quer me matar, iê na falsidade”
“Urubu como folha?
Côro: É conversa fiada!”

O "urubu", ao qual se refere o cantor, não é a ave. O "urubu" somos nós, os seres humanos, que não somos mansos herbívoros - "como folha?" -, mas, sim, terríveis carnívoros. A malícia da Capoeira é o conhecimento de todas estas coisas.

Ou seja, é o "conhecimento da verdadeira natureza do homem" (urubu come folha? ... é conversa fiada); mas este "conhecimento" deve ser temperado com uma grande dose de "bom humor" (dizemos "bom humor" em falta de um nome melhor).

Este "bom humor" está representado na energia positiva, no alto-astral, do som que acompanha o jogo dentro da roda.

Como a malícia da capoeira é brasileira, podemos dizer que ela está "vestida" com as "roupas", e as "cores", da cultura afro-brasileira, e da cultura-popular-marginal-urbana (leia-se, "malandragem").

Meu camarada, o capoeira é muito mais que um lutador que dá pernada. Ele é uma artista, sua força é a alegria de viver. Ele conhece a palavra-chave “Amor” e no entanto o capoeirista sabe: a maldade existe. Será que tu ainda não ouviu o que se anda cantando nas rodas por ai: Galo já cantou, já raiou o dia.
(Nestor Capoeira)

Esta malícia ( conhecimento dos homens + bom humor) permite ao jogador "ver" este cenário vivo, brutal e cruel, sem se tornar deprimido, amargo, agressivo, árido; ou preocupado e "sério" em demasia.

O "conhecimento da verdadeira natureza do homem" (uma das partes da malícia), incluindo o conhecimento de si próprio, vêm (um pouco mais ou um pouco menos) para todos os jogadores: é conseqüência de jogar com diferentes pessoas (de diferentes personalidades, ideologia, origem social, idade, cor, sexo, etc.), em diferentes "rodas", em diferentes lugares.

Este "conhecimento" não é um "saber racional". Ele não é absorvido, apreendido, e encarnado, através da leitura ou falando sobre ele. É uma espécie de "conhecimento" ou "saber corporal" que adquirimos jogando capoeira (queira ou não queira, o jogador).

Neste sentido, o "conhecimento dos homens" é diferente do "bom humor" (a outra parte da malícia); pois o "bom humor" tem que ser alimentado e desenvolvido por iniciativa pessoal de cada jogador.

O "bom humor" não vem como uma conseqüência inevitável do Jogo.

O "bom humor" (dizemos "bom humor" em falta de um nome melhor), ao qual nos referimos, não é aquele que vemos na TV; e também não é o "don't worry, be happy" (não se preocupe, seja feliz) "politicamente correto" em alguns círculos moderninhos americanos.

O "bom humor" é uma espécie de tesão pela vida.

Você já viu crianças brincando na beira do mar?

Elas pulam numa perna só, correm, gritam, fogem das ondas que "se desmancham na areia", e perseguem-nas incansavelmente sem se cansar, pois estão alimentadas por um outro tipo de energia (de difícil acesso aos adultos, exceto, talvez, nas festas, no carnaval, etc.).

O "conhecimento", sem o apoio do "bom humor", pode se tornar muito "pesado".

Pode transformar o jogador numa pessoa incapaz de "curtir" a vida.

Pode transformar a pessoa em alguém que só se interessa - e é completamente fascinado - pelo poder e seus jogos.

Isto afasta o jogador da essência do Jogo.

Agora talvez você entenda melhor a canção:
Meu camarada, o capoeira é muito mais que um lutador que dá pernada.
Ele é um artista, sua força é a alegria de viver.
Ele conhece a palavra-chave "Amor" e no entanto o capoeirista sabe: a maldade existe.
Será que tu ainda não ouviu o que se anda cantando nas rodas por ai: Galo já cantou, já raiou o dia.

HISTÓRIA

No livro "Capoeira, os fundamentos da malícia" (1992) expliquei que existem varias teorias sobre as origens da capoeira, embora todos concordem que foi uma "invenção" dos africanos:

• Uns dizem que foi criada na África e trazida ao Brasil pelos escravos. Outros afirmam que foi uma "invenção" do escravo africano, no Brasil.

• Uns dizem que se desenvolveu nas senzalas das grandes plantações de cana-de-açúcar e café, a partir de 1500. Outros afirmam que floresceu nos quilombos. Ou, ainda, que se desenvolveu nas grandes cidades brasileiras (Rio, Salvador e Recife), nos 1800s.

• Uns dizem que a capoeira é muito antiga, no Brasil, desde o começo da colonização de nosso país, nos 1500s. Outros afirmam que a capoeira, tal como a conhecemos agora (com roda e berimbau), só começou a rolar a partir do começo dos 1900s, na Bahia.

• O que se sabe, na verdade, no momento atual, refere-se apenas ao período que começa em 1800.

Já vai longe o tempo em que todos "pesquisadores" diziam:
"A capoeira era uma luta que se disfarçou em dança, para escaoar às perseguições dos feitores e senhores-de-engenho".

Temos muitas novas informações, hoje em dia, sobre o passado da capoeira.

Mas isto não quer dizer que temos "certezas" em tudo. Algumas coisas parecem claras. Às vezes confirmam as expectativas e idéias da maioria dos capoeiristas; outras vezes, não.

Outras coisas, do passado da capoeira, ainda são desconhecidas, e diferentes estudiosos e capoeiristas divulgam teorias muito diversas.

O que de fato sabemos (e nem aí sabemos tudo), começa com a chegada de D. João VI, o rei de Portugal, ao Brasil em 1808. Pois, a partir daí, os registros dos eventos daquela época começaram a ser feitos com mais cuidado, pelos burocratas da corte de D.João VI. Inclusive os registros policiais, que se revelaram uma grande fonte de informação sobre o que era a capoeira nos anos de 1800s.


D. JOÃO VI". DEBRET, 1824.


A GUARDA REAL". DEBRET (DETALHES), 1824.

Em 1808, o rei D. João VI veio para o Brasil - a maior colônia portuguesa, na época -, fugindo de Napoleão Bonaparte que tinha invadido Portugual.

Com a chegada do rei português e sua corte - umas 4.500 pessoas, na primeira leva -, no Rio de Janeiro que, na época, tinha uns 700.000 habitantes, mais de metade sendo escravos negros, começou uma repressão à várias manifestações da cultura negra (dos escravos) jamais vista. Isto provocou uma resposta que, na capoeira (que apenas "engatinhava" e era praticada apenas por pequenos grupos de escravos): a capoeira assumiu uma forma ainda mais violenta.

Aos poucos, os capoeiras se organizaram em maltas, compostas inicialmente apenas por escravos africanos "ladinos" (que já estavam adaptados ao Brasil, em oposição ao escravo "boçal", recém-chegado da África).

Mas por volta de 1850, as maltas já tinham absorvidos os creoulos (negros nascidos no Brasil), negros livres, e mulatos (filhos de negra com branco).

E em 1870, as maltas já tinham absorvido homens de todas as cores e, até, de outras nacionalidades: em 1863, um em cada três capoeiras preso, era português. Nas maltas conviviam não só a "ralé" das ruas, mas também militares de todas as patentes, além dos violentos margaridas e cordões (os ricos playboys da aristocracia de então).

As maltas aterrorizavam a cidade (semelhante às gangues de tóxicos cariocas contemporâneas), enfrentando a polícia e intimidando o cidadão "decente e honesto",

Cada malta dominava uma parte da cidade - a Flor da Gente, da Glória, por exemplo, era célebre por volta de 1870 -; e faziam parte de dois grandes grupos - os Guaimus e os Nagoas. Muitas eram patrocinadas por políticos poderosos que usavam-nas como pequenos exércitos paramilitares urbanos, na época das eleições. Até a Princesa Isabel, filha do imperador brasileiro, D. Pedro II, tinha a sua Guarda Negra, uma malta de capoeiras patrocinada por José do Patrocínio com verbas secretas da polícia.


DESENHOS DE KALIXTO, 1906

Quando a República foi proclamada, em 1890, a capoeira foi posta fora de lei (pois muitas maltas apoiavam os políticos monarquistas e, além disto, dominavam as ruas). Uma repressão e perseguição violentas desbarataram a poderosa capoeira carioca; mas a capoeira baiana (muito menos atuante e menos poderosa, na época) sobreviveu.

Em Salvador, na Bahia, por volta de 1920, a capoeira baiana que não tinha muita visibilidade durante todo os 1800s, já tinha absorvido elementos (africanos) lúdicos de dança, música, jogo, ritual (diferente da capoeira das maltas cariocas que era somente de luta).

Com estas características, mais amplas, a capoeira baiana se tornou numa espécie de "arma cultural" utilizada pelos africanos, e seus descendentes, para re-afirmar sua identidade e resistir à sociedade branca dominante e hegemônica (ao lado de outras manifestações, como o candomblé, p.ex.).

Utilizando esta estratégia, a capoeira baiana (diferente da carioca) sobreviveu à perseguição policial do final dos 1800s e continuou a se desenvolver, na marginalidade, até a década de 1930, quando a prática da capoeira começou a ser permitida.


GETÚLIO VARGAS
Na década de 1930, Getúlio Vargas tomou o poder, e o manteve durante os próximos 20 anos.

Getúlio quis construir uma nova identidade, e uma nova face para o Brasil, baseada na modernidade, na indústria, e no "trabalho duro e sério". O Brasil, na época, ainda tinha uma economia agrícola e de gado; a maioria dos artigos "modernos" e manufaturados eram importados do estrangeiro por um alto preço.

Vargas compreendeu que a capoeira poderia fazer parte do novo "rosto" deste novo Brasil (de 1930). Mas não a violenta capoeira das maltas cariocas dos 1800s, nem a capoeira dos malandros cariocas do início dos 1900s.

A capoeira baiana, da década de 1920, praticada pelo valentão e desordeiro, sempre metido em confusão com a polícia, em bebedeiras na área da prostituição em Salvador, também não servia.

Vargas permitiu, então, a prática de uma (nova) capoeira; a ser praticada apenas em "locais fechados" (não mais nas ruas e praças), e com alvará da polícia.


MESTRE BIMBA (1900-1974), DESENHO DE MESTRE BODINHO (APROX. 1980)

MESTRE PASTINHA (1889-1981), DESENHO DE NESTOR CAPOEIRA

Mestre Bimba, na década de 1930, com o seu "Centro de Cultura Física Regional" (onde, pela primeira vez, Bimba criou um método de ensino, que é a base do ensino da capoeira até hoje); e, mais tarde, na década de 1940, mestre Pastinha, com seu "Centro Esportivo de Capoeira Angola"; aproveitaram a brecha aberta por Vargas e apresentaram uma "nova" capoeira (na verdade, duas) que poderia ser aceita pela sociedade dominante.

Embora as idéias, e muitos dos valores, de Bimba e Pastinha fossem diferentes, ambos utilizaram o que poderíamos chamar uma "estratégia de sedução" (conforme nos ensinou mestre Muniz Sodré) para conquistar um maior espaço para a capoeira e para o homem negro. Isto ocorreu apesar da capoeira regional, de mestre Bimba, ter uma característica mais "esportiva" e "de luta"; e a capoeira angola, de mestre Pastinha, ter uma característica mais "lúdica" e "ritual" (desculpem-me as simplificações estereotipantes , resultado do pouco espaço disponível neste site, vejam meus livros para um melhor enfoque, ou procure na minha tese no final desta página).

Foi esta capoeira baiana que , mais tarde, a partir de 1950 - e já dividida em angola e regional -, emigrou para o Rio e São Paulo, e todo o Brasil.

E, a partir de 1971, já com um método de ensino mais sofisticado devido ao trabalho de jovens mestres do Rio, São Paulo e Salvador, a capoeira viajou - por iniciativa pessoal de alguns (então) jovens mestres - para o exterior (inicialmente Nestor Capoeira, em 1971, na Europa; e Jelon Vieira, em 1975, nos Estados Unidos; e, logo depois, muitos outros).

Na década de 1980, a capoeira expandiu-se em progressão geométrica, uma verdadeira avalanche que já englobava centros na Europa Ocidental e Estados Unidos.

Para se ter uma idéia, quando fui iniciado por mestre Leopoldina, no Rio, na década de 1960, só existiam, fora da Bahia, uma meia dúzia de centros de capoeiragem no Rio, e outra meia dúzia em São Paulo. Hoje em dias são mais de 1.000 professores atuando em cada uma destas cidades.

E quando ensinei no London School of Contemporary Dance (Inglaterra), em 1971, não havia mais ninguém dando aulas no estrangeiro. Hoje são mais de 500 professores na Europa, e mais de 500 nos Estados Unidos (onde a North Atlantic Books já vendeu mais de 40.000 dos meus livros de capoeira, em inglês).


DESENHOS DE NESTOR CAPOEIRA BASEADO EM FOTOS DO GRUPO SENZALA, APROX. 1970



GRUPO MALTA SENZALA


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